sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Palavras desconexas

Esse post é pra vocês que medem a qualidade de seus finais de semana pela quantidade de vezes que saem de casa. Nada contra. Só que atualmente minha cama me parece muito mais interessante. 'Ah, mas você sai com seu namorado'. Com certeza. Além do tempo que ficamos sem nos ver e de querer aproveitar o pouco tempo que temos juntos, tem o fato de que ele é a única pessoa que gosta de ir nos mesmos lugares que eu -ainda gosto- de ir. Tô ficando velha? Tô. Sem pique pra passar noites em claro. Mais na minha e pans, nem vejo mal nisso. Na verdade esse post nem é pra vocês. É pra mim mesma que, puta que pariu, preciso escrever qualquer coisa pra me sentir menos pior. Sabe quando você entra numa situação difícil e tem que penar pra sair dela? Tô nessa. Achando que da noite pro dia as coisas podem mudar, mas não é bem assim. Auto-estima já ficou comprometida, tentando resgatar. Me sinto inerte, sem motivação. Boas notícias? Tenho sim: acho que ano que vem vou mesmo fazer o curso de mestrado que tanto quero. Fez um ano que conheci a pessoa maislindadomundo.com (meu namorado *-*), minha sobrinha (linda) veio ao mundo esse ano pra trazer a luz que tava faltando nessa casa. Tenho motivos pra ficar feliz, mas por que não consigo deitar a cabeça no travesseiro e ficar em paz, só eu sei. Até quando? Boa pergunta. Os meses passam  e as soluções cada vez mais distantes. Daí você vai me dizer que eu preciso buscá-las. Sabe Deus onde, né. Deus. É, eu acredito em Deus. Não em religiões.  Ok, isso soa bobo numa época em que ceticismo é moda, e tal. Mas enfim, tenho meus motivos pra acreditar assim como você tem os seus pra desacreditar. Olha, eu sei ser grata, sério. Também sei reconhecer meus erros e culpas. Mas sei também que isso não basta. Sei que preciso mudar de atitude em muitos aspectos também, tenho plena disposição pra isso. Mas, por hora, me vejo sem saber o que fazer, sério. Novidade, eu nunca soube.



E quer saber? Hoje eu só deixei que as palavras saíssem.

sábado, 5 de novembro de 2011

Primeira do Singular


Tenho mudado. Meu comportamento tem mudado, sabe. Tenho estado mais na minha, muito mais introspectiva. Tenho procurado dar o melhor de mim somente a quem retribui. É, eu continuo sendo a mesma sentimentalista bobona de sempre, mas acho que a minha maneira de demonstrar as coisas tem mudado. Cansei de ser a efusiva chata. A minha forma de compreender o jeito das pessoas de gostar e demonstrar também tem mudado, acho que isso consequentemente muda minha forma de agir. Não digo no amor, porque nesse aspecto, encontrei a soma perfeita e sou tão grata a vida! Falo no geralzão mesmo. E tem tanta coisa que eu preciso trabalhar, sabe. Aprender que me desesperar, perder noites de sono e chorar não resolve meus problemas.  Aprender a acreditar um pouco mais em mim. Ando cheia de bloqueios, coisas que eu sei que vou conseguir realizar a partir do momento que eu crer que consigo, parece simples, mas não é. Esse ano, aliás, os últimos, não têm sido fáceis. Todo ano é uma nova provação. Dificuldades que, fazer o que, reconheço que precisei pra crescer. A vida dos outros parece tão fácil quanto a minha possa parecer aos olhos alheios. Mas cada um sabe da cruz que carrega, do peso que ela tem, básico. O 'belo truque do calendário', como ilustra Mário Quintana, sempre me faz acreditar num amanhã melhor, que tudo é fase, que tudo passa e que um dia melhora. Mas eu procuro trabalhar pra isso ao invés de só esperar. Vou plantando, um dia eu colho, e saberei o que colher. Cada um sabe, no fundo.
Eu tenho mania de querer justiça, de querer que as pessoas paguem pelo mal que fazem, quando é intencional. Talvez essa seja realmente uma atitude mesquinha e egoísta minha. Uma coisa que eu precise mudar. Aprender a deixar pra lá, afinal, indiferença é um estágio superior ao ódio, haja visto que ela não te abala. Às vezes (na maioria delas, diga-se de passagem), me considero tão infantil. Mas o que somos senão crianças grandes? Quantas coisas da nossa infância carregamos pra vida toda? Desejos, vontades, manias, defeitos, frustrações, complexos, traumas, chamem como quiserem. Há o lado bom de ser uma eterna criança e o fato é que é esse lado bom que eu quero deixar aflorar, e me livrar das bobeiras, dos bloqueios, dos caprichos. Equilíbrio sempre foi um desafio pra mim, que sou intensa demais em tudo e gosto dos extremos. Mas em muitos setores da vida, ele me é necessário, pra evoluir, pra sair de onde estou e dar passos a frente. Um ser humano em processo de crescimento, só isso. Alguém em constante transformação e que aceita a mudança como condição essencial pra evoluir e ser feliz. Alguém que almeja quebrar o tabu das sinas e da felicidade meramente momentânea. Focada no próprio umbigo? Pode ser. Mas não posso ajudar a mais ninguém sem antes fazer o mesmo por mim. Admito que cresço junto com os demais. Mas esse lance de saber resolver melhor os problemas alheios que os próprios me parece meio hipócrita. 


"A tentativa de autoconhecimento é o que me fez cair na estrada,a busca de um espelho que não esteja embaçado pela minha própria respiração".
Humberto Gessinger

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aos Patinhos Feios



Ainda ontem eu me peguei [re]fazendo uma constatação que, confesso, incomodou um pouco a mim também: implico muito, entre outras coisas, com  meu tipo físico. Pra quem já me conhece há certo tempo isso não é novidade. Pasmem, não me venham com aquele papinho de 'eu me amo', que isso sim me soa como complexo, e camuflado, o que é pior. Pode até ser que exista alguém que esteja 100 % satisfeito consigo mesmo, mas eu duvido. Duvido um pouco pra não me sentir muito solitária com essa minha auto-rejeição, mas principalmente pelo fato social. Simplificando, e exemplificando com elementos presentes na nossa cultura: alguém disse que bonito é ser alta, magra e branca. Tudo que é estrangeiro é 'melhor'. Cabelo bom é cabelo liso. Símbolo de masculinidade são músculos. São diversas crenças construídas historicamente nas quais muitos de nós acreditamos piamente, ainda que inconscientemente. Crescemos ouvindo que se uma garota não for bonita (nem me venha relativizar as coisas aqui),  tem que ser inteligente. Existem infinitos fatores que permeiam o conceito de beleza e o conceito de inteligência, ainda que estes sofram algumas pequenas variações de acordo com o lugar e/ou época. Muita gente acaba sendo patinho feio, no fim das contas. A diferença é que nem todos se descobrem cisnes no final. Enfim, só pra frisar que o importante é se adaptar, ou ficar à margem. Radicalzinho isso, mas não deixa de ser frequente. Me assumo como uma daquelas pessoas que criticam os padrões mas acabam tentando se encaixar em muitos. Ou eu não faria dietas nem editaria minhas fotos. Pergunte-se quantas pequenas atitudes você já tomou, quantas pequenas mudanças você já fez, seja por um emprego, por haver ouvido uma crítica, pra agradar alguém, pra se sentir mais bonito ou mais bonita, analise a relação que isso tem com a sua própria vontade e com o desejo, intrínseco, de ser aceito, de alguma forma. O fato é que é um tanto difícil admitir isso, afinal, a sociedade exige que sejamos a segurança, a auto confiança em pessoa, que sejamos sempre muito bem resolvidos, obrigada! Que nos amemos! Daí ficam aquelas contradições, todo mundo concorda que é bonito se amar, se aceitar, mas todo mundo termina concordando com o que a mídia, a indústria da moda impõe quando o assunto é beleza, todo mundo procura, de alguma forma, se adequar. Há coisas que parecem muito simples de ser superadas, mas têm determinada força sobre muitos de nós. É aquela historinha clichê de que quem tem cabelo enrolado quer alisar, quem tem liso quer enrolar, gente que fica torrando no sol pra ficar com outra cor e gente sendo vítima de preconceito justamente por causa da cor da pele. Porque alguém determinou, um monte de gente concordou e isso tudo vai ficando enraizado, vai sendo disseminado e passado de geração pra geração, e tudo baseado em quê? Aparência. Posição. Reputação. Fugazes, finitos. Quanto tempo a gente perde gastando a melhor parte das nossas energias com isso. Chega a ser mecânico, muitas vezes. Excluir. Se excluir. Bullying, por exemplo, começa na infância e tem seus picos entre os adolescentes, porque é esse o comportamento que se aprende a reproduzir: hostilizar o diferente, o que não está dentro dos padrões. E fica até um pouquinho difícil distinguir se a maior violência é aquela cometida contra os outros ou a que se comete consigo mesmo, em nome de uma igualdade que, na real, nunca existiu, em nome de um patamar que, na real, ninguém consegue alcançar: a chamada perfeição. Somos inacabados, imperfeitos e finitos. Esse poderia ser o maior tapa na cara de quem determinou/ determina todos esses padrões, mas há quem lucra com eles, então somos nós quem levamos o tapa sem notar. E é isso que deveríamos levar em consideração quando nos esforçamos inutilmente pra nos adequar. Fácil falar.

Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; 
repugna-la-íamos, se a tivéssemos. 
O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.
Fernando Pessoa

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

As palavras, o vinho e eu.


Uma escolha errada pode trazer consequências drásticas por um longo período da vida. É isso que tem me feito ponderar e pensar muito antes da ação, tão contrário à pessoa impulsiva que sempre fui. E tenho aprendido que uma dor difícil de controlar, ao meu ver, é aquela causada pela sensação de perda de tempo e de um imenso espaço em branco quando eu olho pra trás. Ok, olhar pra trás é tolice e um tanto quanto simples de se evitar em teoria. Mas hoje, palavras são das poucas coisas que me restam, das poucas coisas que não perdi nas minhas andanças. Quanto erro a gente comete só pra tentar ser 'feliz'. Gostaria de ser astuta o bastante pra aprender só observando as quebradas de cara alheias, ainda que isso possa soar meio sádico. Mas a necessidade de ver com os próprios olhos já me levou a tropeços e tombos que me ensinaram que, mesmo numa rua de mão única, é bom olhar para ambos os lados quando for atravessar.
Levei certo tempo para constatar minha falta de talento pro convívio diário. Mas foi na tentativa de ser feliz (?) convivendo sob o mesmo teto com alguém que eu achei que conhecia que isso se evidenciou. Deixei muita coisa pra trás pra seguir esse tal de 'amor' aí, que eles dizem. Entre elas, minha vida social. Quando voltei, já era tarde demais: meus amigos tomaram seus respectivos rumos e a coisa mais difícil é conseguir reuni-los. Deixei amigos pra trás também, amigos que fiz durante essa experiência. Amigos que ficaram naquela cidade, junto com o passado que quero esquecer. Junto com um conjunto de vivências que eu preferia não ter tido. Ficaram naquela cidade, onde estudei, me formei e trabalhei – esses, junto a esses amigos, foram os pilares que mantiveram minha estrutura mesmo diante das dificuldades, todas.
Eu não gostaria de ter crescido à base de sofrimento. Não gostaria de ter feito dívidas ao invés de ter concluído planos que irei concluir com certo 'atraso' devido ao tempo que considero que perdi. Eu gostaria de ter crescido sim, mas não da forma como foi...porque isso me endureceu ainda mais, posto que já estava um tanto quanto endurecida antes disso tudo. Porque isso me fez duvidar ainda mais de tudo e todo mundo e ficar mais ainda na defensiva do que já era com as pessoas. Mas como não posso mudar isso e talvez não recupere o que perdi, resta-me tentar a partir de agora promover mudanças, impulsionada em parte pelo simbolismo de recomeço presente em mais um ano que se inicia. Correr atrás de planos e metas que já poderiam estar concretizados. Esta é a parte mais fácil. Difícil mesmo é construir novos afetos, estando tão fechada pro mundo e sem muita vontade de me abrir pra ele. Difícil mesmo é resgatar os antigos que sinto que estão cada vez mais distantes. Difícil mesmo é suportar a solidão de mais um sábado à noite tendo as palavras, a música e o vinho como únicas companhias: que irão entender e não irão criticar. Fiquei armada. E críticas tem que ser feitas de maneira muito cuidadosa pra que eu consiga recebê-las, do fundo do coração mesmo. Porque se não for assim, eu me sinto como uma criatura que se defende porque se sente atacada. Não preciso e nem quero nenhuma voz gritando verdades, palavras ofensivas, me ditando como eu devo ser. O que eu preciso é outra coisa. Aliás, precisar não é um verbo que me agrade. O que eu quero é outra coisa. Raríssimas pessoas conseguem perceber isso e se colocar diante de mim de modo a me aproximar, e não me repelir. Mas, geograficamente falando, estão longe demais, infelizmente.
Gostaria de deixar claro que não é que eu desacredite nesse tal 'amor', o dito 'romântico'. É só que, analisando a concepção de amor que tenho construída hoje, é provável que eu nunca o tenha de fato, sentido por alguém.
Desde criança, a vida, as pessoas, as circunstâncias, vão nos deixando marcas. Alguns são otimistas natos, conhecem o segredo da felicidade, talvez sequer tenham consciência disso: são imunes. Eu queria ser imune a tudo isso, não guardar rancores, não ficar na defensiva com todo mundo, esquecer, relevar, perdoar e mais ainda, ignorar. Há muita coisa que as pessoas pensam que faço ou sinto por vontade própria. Mas há muitas coisas que os 10 % que usamos do nosso cérebro não conseguem explicar também. Seria útil apenas pensar. Mas somos dotados da capacidade de sentir e isso nem sempre é favorável. E como diz numa certa música, 'ter memória é não ter paz'. Eu queria encarar tudo com a mesma apatia que tem sido meu dia a dia. Mas pra minha mente e pro meu coração, ingenuidade e comodismo não são sinônimos de benção. E tudo que me resta hoje -ainda- é a esperança, talvez vã, no que tenho por concretizar, como redenção de um coração calejado, porque às vezes dores não físicas também deixam marcas profundas, difíceis de cicatrizar. Essa esperança, junto ao vinho barato e à música que se fazem presentes essa noite, são o que me trouxeram parte das palavras de volta, hoje. Porque quando as palavras se vão de mim, é um sinal claro de que alguma coisa está muito errada. Então, que elas se mantenham...e me mantenham de pé e seguindo.


Em 08 de Janeiro de 2011.