segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Previsão de Tempo Instável


Ser humana, tarefinha árdua, isso de ser sempre inconclusa, essa coisa que é a insatisfação e a necessidade da busca. Ainda assim, vejo como sendo muito mais sensato (ok, o uso desse termo denota certa ironia, reconheço) estar nessa condição do que numa apatia; querer, ter necessidades e lutar por alguma coisa, me parece saudável, de certa forma, mesmo com todas as implicações contidas, noites mal dormidas, preocupações, desilusões e a reconstrução de tudo aquilo que desmorona e você pensa que acabou...e se vê às voltas com um desafio novo. Às vezes levo isso tão a sério que parece até doentio. Basta que o movimento na minha vida cesse por breves instantes pra que eu sinta essa sensação de vácuo. E ela me inquieta, me desespera. 
Tem um trecho do tio Raul que diz: 'porque foi tão fácil conseguir, e agora eu me pergunto: e daí? Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar, eu não posso ficar aqui parado'. Acho que é isso. Acho que no dia em que eu achar que já estou plenamente satisfeita, me considerarei pronta pra partir desse mundo. Sem uma causa pra apoiar, sem uma meta qualquer pra perseguir, sem que nada me perturbe e me inquiete, me provoque, me cutuque e me desestabilize, parece que a vida não tem sentido, não tem razão de ser. Inércia, apatia, meio termo, essas coisas não combinam comigo. É curioso o modo como aquilo que te desassossega é justamente o que dá sentido pra sua vida. É como uma droga, você sabe que faz mal, mas precisa dela, eu sou assim. Intensa. Tenho necessidade profunda de ir ao limite de tudo. Da alegria, da raiva, da tristeza. E encontrar novos pontos de interrogação no meio desse labirinto chamado vida é estimulante pra mim, ainda que às vezes eu pareça e sinta estar próxima de um surto. E no fundo eu acho, pelo que observo, que é assim com a maioria das pessoas. Somos um monte de baratas-tontas em busca de respostas pra tudo- quando nem tudo tem uma única resposta, talvez nem tenha resposta alguma. A questão é que nem todo mundo consegue se dar conta disso. E pra quem consegue, sinto em dizer, em alguns casos essa consciência nem adianta muito. Pelo menos no meu caso não adianta. E assim eu sigo... ou tento.



Toda a felicidade é incerta e instável.
(Séneca) 

domingo, 5 de setembro de 2010

Sobre Folhas Mortas


Eu realmente não quero mais postar textos 'sentimentalistas' aqui. Como um claro sinal de que preciso me dar um tempo mais do que nunca, agora. Um  belo dia você conclui, por motivos diversos, que não se deve acreditar tanto em palavras, e sim observar as atitudes das pessoas, se condizem. Você praticamente cresce aprendendo isso, por meio de observações, etc. Legal. Mas eis que a vida te pega de surpresa e te mostra que até mesmo as atitudes podem não significar o que parecem. Você observa e leva em consideração gestos, ações, demonstrações...e você quase acredita -sim, eu disse 'quase', porque como diria Humberto Gessinger: é preciso fé cega e pé atrás. Na pior das hipóteses, fé cega e faca amolada (risos!). Enfim: não bastasse a banalização das frases supostamente afetuosas que são ditas como 'bom dia' e 'boa tarde' por aí a torto e a direito, há uma certa banalização nas atitudes também. Pessoas que não são muito acostumadas a interpretar o que lêem, o que ouvem e o que observam e passam por cima disso, sem dar importância, deixam passar em branco e pensam...que todo mundo é assim. Por exemplo, se alguém te manda uma letra de música, e você procura entender porque mandou, se quer dizer algo com aquilo, o que diz na letra. Bobagem, em alguns casos! Muitas vezes a pessoa que manda nem sabe direito o que tá dizendo na tal letra. E isso não importa muito pra ela. Sem contar a variedade de interpretações que se pode ter de uma mesma letra, e tal. Nesses casos, o melhor a fazer é perguntar- nada de ficar à mercê de deduções. Isso, só pra citar um exemplo tosco.  Mas eu estou focando aqui as ações mecânicas das pessoas, sem um motivo consistente, e tal. Coisas que vão muito além de dedicar uma letra de música. Eu nem os culpo tanto...é a moda, agora, a falta de significado, a banalização. Uma parte da culpa é de quem interpreta. Às vezes a gente vê tudo, quando elas não querem dizer...quase nada. Pois é. Tanta vida, tantas pendências a resolver, tantas conquistas por vir, tanto por concretizar...que não quero mais me focar, nem por minutos sequer, em pequenos tropeços...sim, pequenos. Farei da solidão uma aliada, como sempre fiz, até quando eu não mais sentir necessidade dela. Ligo o foda-se, o desconfiômetro (que agora está bem mais aguçado) e reúno forças com todas as lições aprendidas até agora, desde as mais triviais.
Há uma infinidade de caminhos a seguir, escolhas a fazer, decisões a tomar, muita coisa realmente importante vindo. Agora é seguir adiante, dona dos meus passos sobre folhas mortas. E procurar me focar no que realmente interessa. Tomar as rédias de todas as situações que estão por vir, e fazer das minhas atitudes um determinante.  E chega de 'mimimis' por aqui.


Eu caminho por uma estrada solitária
A única que eu sempre conheci
Não sei até onde vai
Mas é um lar para mim e eu ando só
Eu caminho por esta rua vazia
Na avenida dos sonhos destruídos
Onde a cidade dorme
E eu sou o único, e eu ando só.
Minha sombra, a única coisa que anda ao meu lado
Meu coração falso, é a única coisa que bate
Às vezes eu desejo que alguém me encontre
Até lá, eu ando só.