quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Se Eu Ficar | Para Onde Ela Foi

Decidi escrever sobre estes dois livros de Gayle Forman não exatamente como uma resenha, mas sobre a maneira como eles me marcaram. Para Onde Ela Foi é a continuação de Se Eu Ficar, o best-seller que deu origem ao filme. Raramente eu assisto o filme antes de ler o livro, porém no caso de Se Eu Ficar foi justamente o que aconteceu. O filme me arrancou lágrimas e com o livro não poderia ser diferente. Me apaixonei pela história de Mia e Adam e quando vi que tinha continuação do livro, surtei e tive que comprar!
Eu costumo medir a qualidade de um livro ou filme através das emoções que os mesmos provocam/ despertam em mim, afinal, não me julgo profunda conhecedora de literatura e muito menos cinéfila. Sobre a arte em seus diversos desdobramentos eu só sei sentir. Apreciar, sentir e gostar. 
Ao assistir o filme, refleti o tempo todo, sobre muita coisa. Sobre o valor da família enquanto base para a formação de um ser humano. Os sacrifícios que os pais fazem pelos filhos. Sobre uma garota que se sentia diferente por ser uma musicista clássica, violoncelista, em uma família de roqueiros. As metamorfoses pelas quais as pessoas passam ao longo da vida. Sobre a forma como, mesmo com as diferenças (inclusive as físicas, que são mais detalhadas no livro), o amor incondicional da família e o apoio se fazem presentes. O sentimento ocasional de não-pertencimento. Sobre o valor da amizade. Sobre as decisões que a vida nos leva a tomar, sobre termos sempre uma escolha. O poder da arte no que diz respeito aos sentidos que damos à nossa existência. Sobre experiência extracorpórea. Morte em vida, vida após a morte. O tempo - tão curto- que temos na Terra. Sobre o que resta quando se perde tudo o que se tem na vida, tudo o que realmente importa. Sobre como o amor de alguém pode ser uma das  únicas coisas que restam e a principal motivação. 
Para Onde Ela Foi é narrado pelo personagem Adam, depois que o destino os colocou em direções opostas e sua vida perdeu parte do sentido. As únicas coisas que lhe restaram com a partida de Mia foram a música, os cigarros e os remédios para controle de ansiedade. Um álbum inteiro com letras compostas por Adam, dedicadas àquela que seria seu amor pra esse "sempre" que desde crianças somos motivados a acreditar que existe, foi gravado pela Shooting Star (banda na qual Adam era o vocalista e guitarrista) e chegou ao topo das paradas de sucesso. Aquela cuja ausência era tão doída que ninguém conseguiria substituir, nem as relações de uma noite, nem a fama, nem os fãs, nem uma namorada-celebridade. E quando o destino os coloca frente a frente após tanto tempo - de distanciamento, silêncio e dúvidas - todas as chamas se reacendem e a gente fica o tempo todo torcendo pra que as coisas se esclareçam e eles se acertem. E tudo acontece da forma mais doce e mágica, trazendo flashes do filme/ livro anterior, fazendo com que nos coloquemos no lugar dos personagens de uma maneira que parece até que eles estão ali, vivos, na nossa frente. 
Enfim, não sei se foi só devido aos vários momentos de profunda identificação (ainda que eu tenha duas mãos esquerdas no que se refere às habilidades com instrumentos musicais, rs), ou se realmente Gayle Forman consegue atingir em cheio o coração das pessoas com suas histórias. Creio que essas coisas estejam interligadas, pois tocar em temas tão delicados - família, morte, escolhas, amor, separação e reencontro - é um convite à identificação e, portanto, uma receita que funciona bem no que concerne ao despertar das emoções.  


"Às vezes, você faz escolhas na vida. Às vezes, as escolhas fazem você."

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